quarta-feira, 28 de março de 2007

Personagem David Ben-Gurion



Agricultor, jornalista, militar e líder político, David Ben-Gurion foi a figura central da formação do Estado de Israel e dos primeiros anos de existência do país. O patriarca israelense também comandou seu povo na primeira guerra contra os árabes, em 1948. Duas vezes primeiro-ministro, empresta o seu nome ao aeroporto internacional de Tel Aviv (antigo Lod), o maior do país.

Nascido David Grün, em Plonsk, na Polônia, em 16 de outubro de 1886, o líder israelense era filho de um advogado envolvido na causa sionista (sua mãe morreu quando ele tinha 11 anos). Em função dos interesses do pai e também da intensa perseguição aos judeus no leste europeu na juventude, abraçou a luta pela criação do Estado judaico na Palestina e se mudou para lá em 1906.

Depois de trabalhar em fazendas de laranja e na imprensa local, iniciou uma carreira política, adotando seu nome hebraico de Ben-Gurion. A militância provocou sua expulsão da Palestina em 1915. Após uma passagem breve por Nova York, onde conheceu sua mulher, a russa Paula Munweis, Ben-Gurion se alistou no Exército Britânico, que tinha uma Legião Judaica, com o 38º Batalhão.

Com a vitória britânica na I Guerra Mundial, David Ben-Gurion voltou à Palestina e assumiu a liderança do movimento sionista trabalhista, baseado nos "kibbutzim" judaicos. Nos quinze anos seguintes, com apoio dos integrantes dessas comunas, consagrou a luta pelo novo Estado judaico, incentivando a imigração dos judeus à região e participação de judeus nas tropas britânicas.

O premiê - Ben-Gurion também inspirou a criação da Haganah, a força paramilitar do movimento sionista, defendendo colônias e "kibbutzim" e constituindo a base do que seria no futuro o Exército de Israel. Suas ações pressionaram os britânicos a ceder aos judeus um Estado na Palestina - o que ocorreu através de resolução da ONU dividindo o país em territórios árabe e judeu.

Em 14 de maio de 1948, Ben-Gurion divulgou uma resolução declarando a independência de Israel, apesar de forte oposição tanto da comunidade judaica na Palestina como de integrantes de seu próprio grupo político. Apesar de ser conhecido pela moderação e rejeição à violência contra civis por Israel, comandou a dura repressão a grupos de resistência, criando um Exército único.

O patriarca israelense chefiou as tropas durante a Guerra da Independência e se tornou o primeiro-ministro em 25 de fevereiro de 1949, dia seguinte ao armistício com o Egito para suspender as hostilidades. Ele continuaria no cargo até 1963, deixando o comando do governo apenas em um curto período (de 1954 a 1955, quando residiu no "kibbutz" de Sde-Boker, na região do Negev).

Como primeiro-ministro, David Ben-Gurion influenciou a criação de todas as instituições israelenses, desde a legislação e as instâncias de governo até a construção da infra-estrutura do país. Duas manobras ficaram famosas: a "Operação Tapete Mágico", para transportar os judeus de países árabes até Israel, e o desenvolvimento do ambicioso e avançado sistema hídrico nacional.

Reclusão - Na segunda parte de sua gestão como premiê, a partir de 1955, Ben-Gurion se aliou a britânicos e franceses para a Guerra do Sinai, em 1956, em que Israel reagiu a ataques dos egípcios. Foi um pretexto para que britânicos e franceses fossem à região para garantir controle do Canal de Suez, que seria nacionalizado por ordem do presidente egípcio Gamal Abdel Nasser.

Em 1963, David Ben-Gurion finalmente deixou o posto de primeiro-ministro, decisão atribuída a motivos pessoais. Apesar de ter se mudado de vez para o "kibbutz", seguiu influenciando a política israelense - em 1965, rompeu com o sucessor, Levi Eshkol, e formou um novo partido, o Rafi. Em 1968, quando o Rafi protagonizou uma fusão de partidos, voltou a criar uma nova legenda.

O líder israelense se retirou da vida política apenas em 1970, passando seus últimos anos no "kibbutz" - ele morreu em 1º de dezembro de 1973. Em maio daquele ano, ele fora entrevistado por VEJA. Na época, afirmou: "Os sonhos sempre vão um pouco além da realidade, mas este é, mais ou menos, o país com que sonhei. E a prioridade para o futuro é a paz com os vizinhos árabes".

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